O Natal de Poirot - Agatha Christie

“Gente! Uma quantidade interminável de gente, gente que não acabava mais. E todos tão, tão – como era mesmo a palavra? – enfadonhos! Tão parecidos, tão terrivelmente parecidos. Os que não tinham rosto de carneiro, tinham de coelho, ele pensou. Alguns conversavam e faziam algazarra. Outros, homens corpulentos de meia idade, grunhiam. Estes mais pareciam porcos. Até mesmo as garotas, esguias, de rostos ovais e lábios escarlates, tinham uma uniformidade deprimente.”

"Todos têm de morrer! A vida é assim, não é? E se a morte vem rapidamente do céu, bum!, assim, de uma maneira ou de outra, dá no mesmo. A gente vive durante um período, claro, e depois morre. É isso o que sempre acontece nesse mundo.”

“– (...) Existe, no Natal, um espírito de boa vontade. É, como vocês dizem, “o que se deve fazer”. Velhas brigas são esquecidas, os que entraram em desacordo consentem em concordar mais uma vez, mesmo que seja temporariamente.
Johnson assentiu.
– Fazer as pazes, isso mesmo.
Poirot prosseguiu com sua explanação.
– As famílias, agora. Famílias que estiveram afastadas durante o ano todo reúnem-se mais uma vez. Bem, nessas condições, meu amigo, você tem de admitir que haverá muita tensão. Pessoas que não se sentem cordiais fazem um grande esforço para aparentar cordialidade. Existe, no Natal, muita hipocrisia, hipocrisia louvável..."

“– Mon cher, todos mentem. Às vezes é necessário. É importante separar as mentiras inócuas das mentiras vitais.”

Cai o Pano - Agatha Christie

“Todos, meu amigo, precisam de uma pitada de perigo em suas vidas. Alguns conseguem isso por meio de outros, como nas touradas. Outros lêem sobre o perigo. Outros vao procurá-lo no cinema. Mas de uma coisa estou certo, muita segurança é incompatível com a natureza humana.”

“A verdade quase nunca é apreciada. E no entanto se ganha muito tempo e se evita muita conversa fiada falando a verdade.”

“Todo mundo é um assassino em potencial. Em todo mundo surge, de vez em quando, o desejo de matar anida que não a determinação de matar. Quantas vezes você já não sentiu ou ouviu as pessoas dizerem: ‘Ele me deixou tão furioso que poderia matá-lo!’; ‘Eu poderia trer matado D por ter dito tal e tal coisa!’; ‘Eu estava com tanta raiva que poderia tê-lo estrangulado!’ E todas essas afirmações são literalmente verdadeiras. Nossa intenção nesses momentos é bastante clara. Você gostaria de matar fulano. Mas você não o faz. Sua determinação tem que estar de acordo com seu desejo.”