“E talvez seja essa a marca de todas as religiões, por mais longínquas que estejam umas das outras: o esforço para pensar a realidade toda a partir da exigência de que a vida faça sentido.”
“É necessário reconhecer que toda a nossa vida cotidiana se baseia numa permanente negação dos imperativos imediatos do corpo. Os impulsos sexuais, os gostos alimentares, a sensibilidade olfativa, o ritmo biológico de acordar/adormecer deixaram há muito de ser expressões naturais do corpo porque o corpo, ele mesmo, foi transformado de entidade da natureza em criação da cultura.”
“A exigência de que se abandonem as ilusões sobre determinada situação é a exigência de que s abandone uma situação que necessita de ilusões.”
“A crítica da religião desilude o homem, a fim de fazê-lo pensar e agir e moldar sua realidade como alguém que, sem ilusões, voltou à razão.”
“O desejo frita: ‘Eu quero!’ A sociedade responde: ‘Não podes’, ‘Tu deves’. O desejo procura o prazer, a sociedade proclama a ordem. E assim se configura o conflito.”
“Somos os dois lados do combate. Perseguidor e perseguido, torturador e torturado.”
“Vivemos em guerra permanente com nós mesmos. Somos incapazes de ser felizes. Não somos o que desejamos ser. O que desejamos ser jaz reprimido.”
“Mas o pior de tudo, como Freud observa, é que em sequer temos consciência do que desejamos. Não sabemos o que queremos ser. Não sabemos o que desejamos porque o desejo, reprimido, foi forçado a habitar as regiões do esquecimento. Tornou-se inconsciente.”
“Em meio a essa situação sem saída a imaginação cria mecanismos de consolo e fuga, por meio dos quais o homem pretende encontrar, na fantasia, o prazer que a realidade lhe nega. Evidentemente, nada mais que ilusões e narcóticos, destinados a tornar nosso dia-a-dia menos miserável.”
“Conta-me acerca do teu Deus e eu te direi quem és.”
“É provável que os profetas tenham sido os primeiros a compreender a ambivalência da religião: ela se presta a objetivos opostos, tudo dependendo daqueles que manipulam os símbolos sagrados. Ela pode ser usada para iluminar ou para cegar, para fazer voar ou paralisar, para dar coragem ou atemorizar, para libertar ou escravizar.”
“Porque a morte é aquela presença que, vez por outra, roça em nós o seu dedo e nos pergunta: ‘Apesar de mim, crês ainda que a vida faz sentido?’”