“No deserto, para espantar os lobos, os homens batem panelas. Na vida, para afastar o encontro pessoal, costumamos bater panelas também. O filósofo Julián Marías nos falava que o homem vive à procura do que fazer. Esse 'que fazer' dá o sentido à vida, que concretiza a nossa existência à medida que vamos nos fazendo. Quando não trabalhamos bem nosso interior, somos um alvo fácil às artimanhas do mundo exterior. Note a angústia das pessoas que se embrenharam no mundo das celebridades sem um mínimo de conteúdo ou daquelas que montam sua vida em cima de um belo corpo ou na beleza fútil.” (entrevista Waldir Pedro, Revista Filosofia, Agosto 2012)
“A comodidade consiste em não questionar se o que estamos fazendo realmente é o que queremos ou se as circunstâncias nos levaram a isso. Para não enfrentar essa pergunta, vamos criando sonhos dentro da nossa zona de conforto. Por isso a Filosofia provoca algumas crises existenciais; diante de pensamentos discordantes, conseguimos ver que alguns valores nos quais alicerçamos nossa existência são fracos. As grandes personalidades se firmaram no tempo por ter a coragem de romper com o estabelecido. A comodidade se dá quando caminhamos como rebanho, com um líder à frente, e não temos a coragem de ser diferentes e lutar por convicções e ideias de vida.” (entrevista Waldir Pedro, Revista Filosofia, Agosto 2012)
“A novidade tornou-se fonte de valor mundano, marca de excelência social; é preciso seguir 'o que se faz' de novo e adotar as últimas mudanças do momento. (...) ‘regras de comportamento adotadas que só agradam pela novidade, e, antes de se tornarem costume, terão de ser trocadas por outras formas igualmente passageiras.’” (Revista Filosofia, Agosto 2012)
“O discurso da moda promete ao consumidor a falsa possibilidade de se tornar uma pessoa singular ao adquirir determinado produto, diferenciando-se assim do rebanho social anônimo. Afinal, cada indivíduo sonha em se destacar da cuba humana e atingir um patamar social de venerabilidade, utilizando-se de todos os meios econômicos para obter tal distinção, cabendo assim o comentário do sociólogo estadunidense Don Slater: ‘As pessoas compram a versão mais cara de um produto não porque tem mais valor de uso do que a versão mais barata (embora possam usar essa racionalização), mas porque significa status e exclusividade.’” (Revista Filosofia, Agosto 2012)