"Não sou melhor do que ele. Também eu alimento desejos estranhos e perversos, e quem sou eu para zombar de algum deles?"
"O padre agora falava dos últimos dias do mundo, de como Deus derramaria dons de visão e profecia, mas Morgana ficou pensando se algum desses cristãos sabia que tais dons eram comuns, afinal de contas? Qualquer um podia dominar tais poderes, se provasse ser capaz de usá-los de maneira adequada. Mas entre os usos adequados não estava assustar as pessoas com milagres tolos! Os druidas usavam seus poderes para fazer o bem privadamente, não para atrair multidões."
"– Penitência? – perguntou Morgana. – Pecado? Você realmente acredita que seu Deus é um velho maldoso, que anda espionando para ver quem se deita na cama da mulher de outrem?"
"Os homens orgulham-se muito da sua capacidade de fazer filhos, como se para isso fosse necessária alguma grande habilidade. Como se qualquer gato vagabundo não pudesse fazer a mesma coisa. A mulher, pelo menos, tem que levar a criança em seu corpo muitos meses, e sofrer para dá-la à luz, e por este motivo tem alguma razão de orgulhar-se. Mas os homens fazem isso sem maior preocupação, e sem nenhum trabalho."
"Se quiserem que a mensagem dos deuses dirija a sua vida, procurem aquilo que se repete muitas vezes, pois é isso o que lhes transmitem, a lição cármica que devem aprender nesta encarnação. A mensagem repete-se até que a tenham transformado em parte de sua alma e do seu espírito duradouro."
"Esta fé me parece demasiado simples. A idéia de que basta acreditar que Cristo morreu para nos redimir de todos os pecados , de uma vez por todas... mas eu conheço demais a verdade, a maneira pela qual a vida funciona, com vidas sucessivas nas quais nós mesmos, e só nós, é que podemos resolver as causas que colocamos em movimento e tentar compensar o mal que fizemos. Não é lógico que um homem, por mais santo e bendito, pudesse redimir todos os pecados de todos os homens, cometidos em todas as existências. O que mais poderia explicar por que alguns homens têm tudo e outros têm tão pouco? Não, é uma artimanha cruel dos padres levar os homens a acreditar que têm o ouvido de Deus e que podem perdoar seus pecados, em nome dele."