"O feto começa feminino, depois é que são acrescentados os atributos, digamos assim, masculinos. Por isso nós, homens, temos mamilos e não sabemos o que fazer com eles. Quer dizer, a história biológica do ser humano é exatamente o inverso do seu principal mito de criação, em que a mulher sai de dentro do homem. O mito não é apenas um desmentido do fato, e do feto, como uma apropriação masculina de um feito feminino. Ao pôr o primeiro homem para dormir e retirar suas costela e produzir a primeira mulher, Deus fez uma paródia de parto, reivindicando para os homens, no caso Ele e Adão, a primazia do ato de dar a vida. E com anestesia, um detalhe que não deve escapar às mulheres, depois condenadas por Ele a padecer de todas as dores da procriação enquanto o homem, responsável por tudo, só era condenado a folhear Caras antigas na sala de espera. Todos os mitos, desde os inaugurais, como toda a cultura humana, têm sido masculinos, num contraponto ressentido com a história biológica, verdadeira, feminina, da espécie. Pura inveja."
"Quando alguém começa a frase com 'Eu não sou racista, mas...', você pode estar certo que o que segue será uma declaração racista que desmentirá espetacularmente o seu preâmbulo. Ninguém é mais racista do que quem começa dizendo que não é."