"Disse-me, antes de mais nada, que me pintavam como tendo um caráter taciturno e fechado e quis saber o que eu pensava a esse respeito.
– É que nunca tenho grande coisa a dizer. Então fico calado – respondi."
"Mas ele me interrompeu e exortou-me uma última vez, do alto de sua posição, perguntando-me se acreditava em Deus. Respondi que não. Sentou-se, indignado. Disse-me que era impossível, que todos os homens acreditavam em Deus, mesmo os que lhe viravam o rosto. Essa era a sua convicção, e se algum dia viesse a duvidar dela, a sua vida deixaria de ter sentido.
– O senhor quer – exclamou – que a minha vida não tenha sentido?
Na minha opinião, eu não tinha nada com isso, e foi o que lhe disse."
"Nunca gostei de ser surpreendido. Quando me acontece alguma coisa, prefiro estar presente."
"A partir desse momento, a lembrança de Marie me passaria a ser indiferente. Morta, deixaria de me interessar. Achava isso normal, assim como compreendia muito bem que as pessoas me esquecessem depois da minha morte. Já não tinham nada a fazer comigo. Nem sequer podia dizer que me era penoso pensar nisso."