"Quis a revista com uma força que fez doerem as pontas de meus dedos. Ao mesmo tempo vi esse meu desejo como algo trivial e absurdo, porque outrora havia menosprezado e considerado essas revistas muito levianamente. Eu as havia lido em consultórios de dentistas e às vezes em aviões; as havia comprado para levar para quartos de hotel, um artifício para preencher tempo vago enquanto estava esperando por Luke. Depois de folheá-las eu as jogava fora, pois eram infinitamente descartáveis, e um ou dois dias depois não seria capaz de me lembrar do que tinha nelas. Mas eu me lembrava agora. O que havia nelas era promessa. Elas lidavam com transformações, sugeriam uma série infindável de possibilidades, estendendo-se como os reflexos em dois espelhos postos de frente um para o outro, prolongando-se ao infinito, réplica após réplica até o ponto de fuga. Sugeriam uma aventura após a outra, um guarda-roupa após o outro, uma aprimoração após a outra, um homem após o outro. Elas sugeriam rejuvenescimento, dor vencida e transcendida, amor eterno. A verdadeira promessa nelas era a imortalidade."
"As pessoas são capazes de fazer qualquer coisa para não admitir que suas vidas não têm significado."
"Sempre há alguma coisa para ocupar uma mente inquisitiva."
"A humanidade é tão adaptável, diria minha mãe. É verdadeiramente espantoso as coisas com que as pessoas conseguem se habituar, desde que existam algumas compensações."
"Existe um certo consolo que pode ser encontrado na rotina."