“Este é o dia de ver, não de olhar, que este pouco é o que fazem os que, olhos tendo, são outra qualidade de cegos.”
“Mas este é um falar dos dentes para fora, que o coração não dá mostras de ter entendido o que ouviu, e se o coração não entendeu, não chega a ser mentira o falar da boca, mas sim ausência”
“Todo homem sabe o que tem, mas não sabe o que isso vale.”
“Deveria isto bastar, dizer de alguém como se chama e esperar o resto da vida para saber quem é, se alguma vez o saberemos, pois ser não é ter sido, ter sido não é será, mas outro é o costume, quem foram seus pais, onde nasceu, que idade tem, e com isso se julga ficar a saber mais, e às vezes tudo.”
“Não há diferença nenhuma entre cem homens e cem formigas, leva-se isso daqui para ali porque as forças não dão para mais, e depois vem outro homem que transportará a carga até a próxima formiga, até que, como de costume, tudo termina num buraco, no caso das formigas lugar de vida, no caso dos homens lugar de morte, como se vê não há diferença nenhuma.”
“Talvez as lágrimas não sejam mais do que isso, o alívio de uma ofensa.”
“Não lhe faz mal nenhum cambalear, para que saiba o quanto vale poder assentar os pés no chão.”
“É o que por aí não falta, loucos varridos em terra que a loucura varreu.”
“Pode a verdade estar na boca das crianças, mas para a dizerem tem de crescer primeiro, então passam a mentir.”
“Mas não pode ler os pensamentos, nem ela a estes entenderia, ver um homem pensando, como em um pensamento só, tão opostas e inimigas verdades, e com isso não perder o juízo, ela se o visse, ele porque tal pensa.”
“Bendita sejas tu, noite, que cobres e proteges o belo e o feio com a mesma indiferente capa.”
“A vida podia ser apenas estar sentado na erva, segurar um malmequer e não lhe arrancar as pétalas, por serem já sabidas as respostas, ou por serem estas de tão pouca importância, que descobri-las não valeria a vida duma flor.”
“Começara a escurecer, mas agora, de nenhuma noite teria medo, se tão negra é a que leva dentro de si.”