Asas partidas - Khalil Gibran

"Vós todos vos lembrais da aurora da juventude com a alegria de evocar suas imagens, e com o pesar de que ela não esteja mais. Quanto a mim, lembro-me dela como o escravo liberto se lembra das paredes de sua prisão e do peso de suas cadeias. (...) ... não posso chamar o tempo da minha juventude senão de um tempo de sofrimento velado e mudo."

"O jovem que sente muito e sabe pouco é a mais infeliz das criaturas, pois sua alma é exposta a duas forças terríveis e contraditórias: uma, invisível, que o eleva às alturas e lhe mostra a beleza das criaturas por trás da neblina dos sonhos; a outra, visível, que o encadeia à terra e lhe ofusca a vista com poeira e o deixa perdido e medroso em meio a intensas trevas."

"Os jovens são munidos de asas feitas de fantasia e de ilusão, que os levam para além das nuvens, de onde veem a existência colorida como um arco-íris e onde ouvem canções de glória e de grandeza. Mas aquelas asas não tardam a ser partidas pela tempestade da experiência. Caem, então, os jovens sobre a terra dura, e passam a ver-se num espelho estranho onde o homem é deformado e diminuído."