Carcereiros - Drauzio Varella

"Estava tão envolvido com aquele universo, que abrir mão dele significava admitir passar o resto da existência no convívio exclusivo com pessoas da mesma classe social e com valores semelhantes aos meus, sem a oportunidade de me deparar com o contraditório, com o avesso da vida que levo, com a face mais indigna da desigualdade social, sem ouvir histórias que não passariam pela cabeça do ficcionista mais criativo, sem conhecer a ralé desprezível que a sociedade finge não existir, a escória humana que compõe a legião de perdedores que um dia imaginou realizar seus anseios pela vida do crime."

"– O problema é que essa juventude quer tudo de uma vez. Ainda não aprendeu que a felicidade exige paciência."

"– Quem bate esquece da fisionomia do outro, quem apanhou na cara vai lembrar pelo resto da vida."

"A iminência de um ataque é mais assustadora que seu desfecho, porque as fantasias humanas não reconhecem limites nem respeitam racionalidade."

"A violência é uma doença contagiosa."

"– Chefe, ninguém faz trança em rabo de burro bravo, o que mata é o coice de burro manso."

"– Como um rapaz da sua idade consegue chefiar tanta gente?
– Eu dou para os meus homens aquilo que o ser humano mais gosta.
Eu sorri, ele continuou:
– Não é dinheiro nem sexo, é a oportunidade para falar de si mesmo. Tenho paciência para escutar o que cada um tem a dizer."

"– A ocasião faz o roubo, o ladrão já vem feito."