Sherlock Holmes em: Um Estudo em Vermelho - Arthur Conan Doyle

"Que um ser humano civilizado não soubesse que a Terra se movia ao redor do Sol, era pra mim um fato tão extraordinário que mal podia compreendê-lo.
– Você parece espantado – disse ele, sorrindo da minha expressão de surpresa. – Agora que já sei essa informação, farei o possível para esquecê-la.
– Esquecê-la!
– Veja – explicou –, acho que o cérebro do homem é originalmente como um pequeno sótão vazio, que temos que abastecer com a mobília que escolhemos. Um tolo pega todo e qualquer traste velho que encontra no caminho, de modo que o conhecimento que poderia lhe ser útil fica de fora por falta de espaço ou, na melhor das hipóteses, acaba misturado com uma porção de outras coisas, o que dificulta o seu possível emprego. Mas o trabalhador de talento é muito cuidadoso a respeito do que coloca no seu sótão-cérebro. Só acolhe as ferramentas que podem ajudá-lo a realizar seu trabalho, mas dessas ferramentas ele tem uma enorme coleção, e tudo disposto na mais perfeita ordem. É um erro pensar que o pequeno quarto tem paredes elásticas e pode se distender em qualquer dimensão. Acredite, chega uma época em que para cada novo conhecimento é preciso esquecer alguma coisa que se conhecia antes. É da maior importância, portanto, não ter fatos inúteis empurrando para fora os úteis.
– Mas o sistema solar! – protestei.
– Que me importa?  – interrompeu impacientemente.  – Você diz que giramos ao redor do Sol. Se girássemos ao redor da Lua, não faria a menor diferença para mim ou para o meu trabalho."

"Tudo o que é fora do comum é geralmente mais uma orientação que um estorvo."   

Fragmentos trazidos pelo vento

“Até o instante em que as escolhas antigas tornam-se obsoletas e novas se fazem necessárias – mesmo que seja para continuar na trajetória anterior (no casamento, na carreira, naquele modo de viver), mas com outra presença e outros paradigmas. E como identificar esse instante de revelação? ‘É um forte chamado interior, como se uma parte bastante profunda de você – a alma e não o ego – o conduzisse para um rumo um tanto indefinido. Mas, aos poucos, aquele caminho vai fazendo sentido’.” (Revista Vida Simples - Maio 2007)

“O problema é que o ser humano, ainda mais na sociedade consumista de hoje, não se contenta apenas em vivenciar algo; ele quer possuir esse algo, retê-lo, conservá-lo em formol para que se mantenha 'para sempre' tal e qual era no início – e isso vale para tudo: um parceiro, um emprego, um status, um argumento, até uma rotina.” (Revista Vida Simples - Maio 2007)

“Um adeus autêntico exige coragem, ainda mais quando vai contra o que propõe a sociedade contemporânea. Valores como segurança e estabilidade (muito mais no sentido da imobilidade que da harmonia) permanecem em alta. Então, por que arriscar? Ao mesmo tempo, a sociedade também nos impele ao frenesi das falsas mudanças (de carro, roupas, bens de consumo, parceiros sexuais…) que nos iludem com suas promessas de felicidade.” (Revista Vida Simples - Maio 2007)

Fragmento trazido pelo vento

"O mal que causamos acontece geralmente pela falta de consciência do que fazemos e pela nossa ausência de visão com relação às estrondosas consequências que podem ser geradas com base em nossas atitudes. Somos inconscientes do mal que praticamos, e que, aliás, na maioria das vezes é feito em nome do bem, ou do que achamos que ele é. 'Está na ordem do dia ser reconhecido como alguém que pratica o bem; em contrapartida, perpetuamos posturas em nosso cotidiano que reproduzem situações de nítida desigualdade ou preconceito.'" (Revista Vida Simples – Abril 2010)