"Historicamente, os homens mais perigosos da Terra eram os homens de Deus... em especial quando seus deuses eram ameaçados."
"Bom, ciência e religião não competem, são duas linguagens diferentes tentando contar a mesma história. Neste mundo há espaço para as duas."
"Não quero ser desrespeitoso, Winston, mas preciso dizer: frequentemente acho difícil saber quando algo é arte moderna e quando é pura bizarrice."
"– Os que não conseguem se lembrar do passado estão condenados a repeti-lo – disse Julian, recitando o aforismo decorado no ensino fundamental.
– Exato. E a história provou repetidamente que os lunáticos ascenderão ao poder de novo e de novo em maremotos de nacionalismo agressivo e intolerância, mesmo em lugares onde isso parece absolutamente incompreensível."
"– Para você, pessoalmente... as leis da física bastam?
Langdon a encarou como se tivesse esperado uma pergunta totalmente diferente.
– Bastam em que sentido?
– Espiritualmente. Basta viver num Universo cujas leis criam a vida espontaneamente? Ou você prefere... Deus? – Ela fez uma pausa, parecendo sem graça. – Desculpe, depois de tudo o que passamos esta noite, sei que é uma pergunta estranha.
– Bom – disse Langdon, rindo. – Acho que eu daria uma resposta melhor depois de uma noite de sono decente. Mas não, não é uma indagação estranha. As pessoas perguntam o tempo todo se eu acredito em Deus.
– E o que você responde?
– A verdade, Digo que, para mim, a questão de Deus está em entender a diferença entre códigos e padrões.
Ambra o encarou.
– Não sei se entendi.
– Códigos e padrões são coisas bem diferentes. E muitas pessoas confundem as duas. No meu campo de estudos, é crucial entender a diferença fundamental entre elas.
– E qual é?
Langdon parou de andar e se virou para Ambra.
– Um padrão é uma sequência nitidamente organizada. Os padrões acontecem em toda a parte na natureza: a espiral das sementes de um girassol, as células hexagonais de um favo de mel, as ondulações circulares num lago quando um peixe salta, etc.
– Certo. E os códigos?
– Os códigos são especiais. – disse Langdon, aumentando o volume da voz. – Por definição os códigos devem carregar informação. Devem fazer mais do que simplesmente formar um padrão; devem transmitir dados e significado. Alguns exemplos de códigos são a linguagem escrita, a notação musical, as equações matemáticas, a linguagem de computador e até símbolos simples como o crucifixo. Todos esses exemplos podem transmitir significado ou informação de um modo que as espirais dos girassóis não podem.
Ambra captou o conceito, mas não como ele se relacionava com Deus.
– A outra diferença entre códigos e padrões – continuou Langdon – é que os códigos não ocorrem naturalmente no mundo. A notação musical não brota das árvores e os símbolos não se desenham sozinhos na areia. Os códigos são invenção deliberada de consciências inteligentes.
Ambra assentiu.
– Então os códigos sempre têm uma intenção ou uma percepção por trás.
– Exato. Os códigos não aparecem organicamente. Devem ser criados.
Ambra o examinou por um longo momento.
– E o DNA?
Um sorriso professoral apareceu nos lábios de Langdon.
– Bingo – disse ele. – O código genético. Esse é o paradoxo.
Ambra sentiu uma empolgação. O código genético obviamente carregava dados, instruções específicas sobre como construir um organismo. Segundo a lógica de Langdon, isso só poderia significar uma coisa.
– Você acha que o DNA foi criado por uma inteligência!
Langdon levantou a mão fingindo se defender.
– Ei, vamos com calma! – disse rindo. – Você está pisando em terreno perigoso. Só me permita dizer o seguinte. Desde que eu era criança, sempre tive uma sensação profunda de que há uma consciência por trás do Universo. Quando testemunho a precisão da matemática, a confiabilidade da física e as simetrias do cosmo, não me sinto observando a ciência fria. Sinto que estou vendo uma pegada... a sombra de alguma força maior que está fora do nosso alcance.
Ambra podia sentir o poder das palavras dele.
– Eu gostaria que todo mundo pensasse como você – disse finalmente. – Parece que brigamos muito por causa de Deus. Todo mundo tem uma versão diferente da verdade."
Sonhos Elétricos - Philip K. Dick
"Ele diz que venderam às pessoas tantos carros, máquinas de lavar e televisores quanto podiam. Diz que a Patrulha da Força Aérea e os abrigos de bombas não servem para nada, por isso as pessoas nunca têm acesso a tudo o que poderiam usar. Diz que as fábricas vão continuar produzindo armas e máscaras de gás para sempre e que, enquanto as pessoas tiverem medo, vão continuar pagando, porque pensam que podem morrer se não fizerem isso; que talvez um homem se sinta cansado de pagar por um novo carro todos os anos e pare, mas nunca vai parar de comprar abrigos para proteger seus filhos."
"Essa brincadeira é mais vantajosa do que vender carros e televisores para as pessoas. Nós temos que comprar esse tipo de coisa. Não é um luxo, algo grande e vistoso para impressionar os vizinhos, algo que a gente pudesse viver sem. Se não comprarmos isso, nós morremos. Eles sempre disseram que para vender alguma coisa era preciso criar ansiedade nas pessoas. Criar um sentimento de insegurança, dizer a elas que cheiram mal ou têm um ar esquisito. Mas isso transforma desodorantes e óleos capilares em piada. Você não tem como escapar. Se não comprar, eles tem matam. O discurso de vendas perfeito. Compre ou morra, um novo slogan. Tenha um abrigo de bombas de hidrogênio da General Eletronics novinho em folha em seu quintal ou seja executado."
"Essa brincadeira é mais vantajosa do que vender carros e televisores para as pessoas. Nós temos que comprar esse tipo de coisa. Não é um luxo, algo grande e vistoso para impressionar os vizinhos, algo que a gente pudesse viver sem. Se não comprarmos isso, nós morremos. Eles sempre disseram que para vender alguma coisa era preciso criar ansiedade nas pessoas. Criar um sentimento de insegurança, dizer a elas que cheiram mal ou têm um ar esquisito. Mas isso transforma desodorantes e óleos capilares em piada. Você não tem como escapar. Se não comprar, eles tem matam. O discurso de vendas perfeito. Compre ou morra, um novo slogan. Tenha um abrigo de bombas de hidrogênio da General Eletronics novinho em folha em seu quintal ou seja executado."
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