Tomar a vida nas próprias mãos - Gudrun Burkhard

"O que acarretará, mais tarde, no ser humano, o fato de ele ter crescido num ambiente de fumantes, ou de não ter podido saborear as sopinhas? Ou ainda, de não ter visualizado a natureza – por exemplo, nunca ter olhado 'aquela figueira' nem ouvido os sons dos passarinhos: ao contrário, ter tido como panorama edifícios cinzas, de dentro de um apartamento luminoso, ofuscante, e escutado apenas ruídos mecânicos de enceradeiras, máquinas de lavar e aviões passando por sobre sua cabeça?"

"Não é fácil ao jovem encontrar-se. A distinção do que é realmente dele e o que é resultado da influência dos pais precisa ser feita. Por exemplo, 'Será que eu quero mesmo ser engenheiro'
– ou médico, etc – 'ou esta foi uma ideia que veio dos meus pais?' Talvez seja um desejo que o pai não conseguiu realizar e quer ver realizado no filho. Ou 'Fui educado como católico; será que essa é a minha religião?' Talvez ele participe com todo o entusiasmo no movimento de jovens da igreja, mas de repente se dá conta de que 'não é nada disso'."

"Os adultos são apressados, angustiados, querem sempre colher frutos ainda imaturos, principalmente em relação aos filhos."

"A liberdade interior é algo mais sutil. É o respeito pela personalidade do outro. Implica a conscientização, no adulto, de que agora ele tem uma individualidade diante de si, tal qual ele próprio."

"Quando a gente não pode falar, percebe o quanto as pessoas falam por falar; eu percebo que poucas suportam o silêncio."

"Aprendi que a gente não deve comparar-se com ninguém. A comparação só traz sofrimento. Percebi minhas dificuldades e as aceitei. Não me sentia mal ao ver alguém pintar bonito; pelo contrário, eu admirava."

"Não olhe o que os outros fazem
Os outros são tantos!
Você entra num jogo
que nunca quer parar.

Pelos caminhos de Deus ande,
não deixe outro ser o guia.
Assim você caminha direto e reto,
e mesmo que ande sozinho."

"O eu quer aparecer, brilhar e irradiar; mas é claro que sofre uma porção de ameaças e, para poder posicionar-se, utiliza dos papéis sociais, aqueles que a vida exige de nós, como por exemplo, de boa filha ou bom filho, de boa esposa ou marido, de excelente profissional, ou já de ser mãe ou pai. Esses papéis todos podem antepor-se à verdadeira personalidade como máscaras superpostas, e o eu pode desaparecer atrás delas, como que sufocado."

"Conhecem-se pessoas diferentes, fazem-se novas amizades e contatos pelo mundo, e a gente adquire um novo senso de irmandade. A gente chega mesmo a ver quão unilaterais somos, e que precisamos uns das qualidades dos outros, para formarmos o todo. Creio que é mesmo tempo de quebrar as fronteiras internas."